O INCOMODADO QUE SE RETIRE


  Tem gente que quebra nossas expectativas desde o início. Que espera que não se cobre nada nunca, e que associa isso à espontaneidade.
  Nem sempre é bom criar vínculos com essas pessoas, porque por mais que a expectativa implique em esperar algo além do que a pessoa pode dar, ou algo que ela simplesmente não pode dar, não é justo anular a reciprocidade por isso.
  Dessas pessoas a quem não se pode esperar nada, as vezes o outro se faz acostumar. Isso faz com que qualquer migalha de qualquer coisa, gesto, resposta, se torne um banquete.
  Existe a ideia de que se deve dar sem esperar em troca, isso anula a reciprocidade também. Eu entendo que nem tudo que se faz deve ser recompensado, e que doar certos gestos e sentimentos sem esperar em troca é bonito e nobre.
  Também acho triste as vezes. A reciprocidade é natural na mutualidade, e fazer sem receber nem sempre é justo. Faz pensar no valor, e faz pensar nas migalhas.
  É bonito gostar de uma pessoa pelo que ela é, não necessariamente significa que essa pessoa vá fazer bem. É bonito dar mais do que se recebe, e isso também não necessariamente significa que receber tão pouco vá fazer bem.
  Há coisas que não se cobra, e reciprocidade é uma delas. Criar expectativas é, na maioria das vezes, frustrante.
  No fim, a questão não é com o outro, não se pode esperar que o outro mude ou força-lo a isso, não se pode esperar mais do que ele pode dar, e se ele nada pode dar, o que se fazer?
  Se estar com o outro lhe faz mal... Bem, não se pode controlar a ação de terceiros, mas é sempre bom averiguar as próprias ações. Ir embora, mesmo que à priori, seja pior, muitas vezes não doi tanto quanto se alimentar de migalhas.

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